Será que a carreira médica é mesmo para mim?

Será que a carreira médica é mesmo para mim?

Pesquisa da OCDE mostra que, de 60 mil adolescentes em todo o mundo, 10% querem se tornar médicos

Carreira médica: muitas áreas de atuação, altos índices de empregabilidade, retorno financeiro certo, ajuste de carga horária, possibilidade de escolher local de residência em consonância com o trabalho… Essas são somente algumas das vantagens de quem se torna médico.

Em uma pesquisa, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) perguntou a 600 mil adolescentes, em todo o mundo, sobre as suas expectativas de ocupação laboral. E a descoberta foi que mais de 10% desses jovens queriam se tornar médicos.

Contudo, antes de escolher uma profissão, é preciso ponderar a concepção de realização, ligada ao ato de fazer o que se gosta com a remuneração e o reconhecimento da carreira. Em outras palavras, a realização profissional está totalmente relacionada com a vocação de cada indivíduo, que é o ânimo que temos para fazer alguma coisa e que diz respeito ao contentamento que nos faz passar horas absortos sem notarmos isso.

Mas, para ingressar em Medicina, sabemos que só isso não basta. É necessário ter força de vontade, muita disciplina e determinação para entrar em um dos mais competitivos vestibulares e depois se manter, por seis anos a fio, estudando pesado, muitas vezes deixando de lado a diversão com os amigos e a reunião com os familiares para passar nas difíceis provas.

Uma vez dentro da faculdade de Medicina, as aulas ocorrem em dois turnos, tanto para quem pensa em clinicar, lidar diretamente com pacientes, se tornar um cirurgião ou um pesquisador. Não importa: o tempo e a energia despendida são os mesmos, independentemente da escolha a ser feita depois do bacharelado concluído.

E engana-se quem pensa que os estudos acabam com o diploma de faculdade. De forma alguma: o bom médico nunca para de estudar, afinal, a Medicina é uma ciência, e como toda scientia (do latim), cujo significado é “conhecimento”, ela tem que representar todo o saber assimilado por meio de pesquisa, estudo ou prática.

E, agora, com o advento da inteligência artificial na Medicina, novas descobertas são feitas praticamente a cada átimo, o que torna os estudos ainda mais importantes.

Todo futuro médico também, mesmo antes de adentrar na faculdade, deve começar a se familiarizar com a essência da triagem, que é a forma de atendimento e tratamento dado aos pacientes de acordo com a urgência da situação. Muitas vezes, isso revela uma tomada de decisão difícil, priorizando uma pessoa em detrimento de outra, e mais do que quem ajudar, vem a questão: “como ajudar”.

Embora a triagem seja, do ponto de vista emocional, desafiadora, ela é imprescindível para salvar vidas. E a pergunta, neste sentido, é: você está realmente preparado para isso?

Afinal, é preciso lembrar que faz parte da carreira médica ficar de plantão algumas noites, escutar queixas de dores de pacientes, solicitar exames para saber o que está errado, sem muitas vezes ter uma resposta pronta para resolver os problemas. Trata-se de uma profissão bastante agitada, e quem segue por esse caminho estará ocupado com muito trabalho e estudo por toda a sua vida laboral, pode apostar.

Fato é que, quando um adolescente tem que tomar a difícil decisão de escolher sua carreira, que vai valer para o resto da sua vida, é natural que ele romantize seu futuro, uma vez que todo mundo se vê bem-sucedido, sem problemas financeiros, viajando de férias pelos lugares mais exóticos do planeta, comendo nos melhores restaurantes, vestindo as roupas mais belas e elegantes… Mas o ideal é pensar, antes de escolher uma profissão, sobre o que as pessoas passaram para chegar aonde estão.

Por esse motivo, a dica para pensar se a carreira médica serve para você é: informar-se o máximo possível. Interrogue: quantas horas serão necessárias permanecer na sala de aula ou no laboratório? Quanto tempo de estudo em grupo? E sozinho? O que um estudante de Medicina vê desde o seu primeiro dia de aula? Quais são as principais dificuldades do curso? Como é lidar com a dor do próximo? E de que forma noticiar à família o óbito de um ente querido?

Por fim, como diria o estatístico William Edwards Deming (1900-1993), conhecido mundialmente como o “guru da qualidade”: “Sem os dados, você é apenas uma pessoa qualquer com uma opinião”. Lembre-se disso!

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