Médicos em residência: Distrito Federal lidera e Maranhão tem menor índice.

Médicos em residência: confira o índice de profissionais no país

Clínica Médica, Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia são as áreas com maior número de residentes; Angiologia, Medicina de Tráfego e Homeopatia são as menos buscadas

A Residência Médica (RM) é o ensino de pós-graduação destinado à especialização de profissionais médicos. Além de o Distrito Federal ser uma das unidades federativas com maior índice de médicos profissionais no país, é a região com maior densidade de médicos residentes* por 100 mil habitantes. É o que diz a Demografia Médica 2023. 

De acordo com o levantamento de 2021**, o Distrito Federal é onde mais tem médicos se especializado. São 44,9 médicos residentes por 100 mil habitantes, seguido de São Paulo (29,86), Rio Grande do Sul (25,84) e Rio de Janeiro (24,06). A menor densidade de profissionais em busca de especialização é no estado do Maranhão (4,57), seguido por Amapá (5,13) e Pará (7,10). Entre os estados do Nordeste, Pernambuco e Paraíba são os com densidades próximas da média nacional. Já na região Norte, somente os estados do Acre e Tocantins apresentam mais de 10 residentes por 100.000 habitantes.

Conforme o estudo, cerca de 63,6% dos médicos residentes estão nas capitais; 5,6% em regiões metropolitanas, exceto capitais; e 30,8% cursam RM nos demais municípios do interior.

 Proporção de médicos residentes.

Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2023; MEC. LAI/ 23546.045510/2022-68
Médicos residentes, segundo agrupamentos de municípios, em 2021

Clínica Médica tem maior número de residentes

De acordo com o levantamento, de  2021, cerca de 48% dos  médicos residentes estava se especializando em Clínica Médica (14,2%), Pediatria (10,9%), Ginecologia e Obstetrícia (9,2%), Anestesiologia (7,1%) e Área Cirúrgica Básica (6,5%).  Os programas com menor número de residentes no mesmo período eram Angiologia (2 residentes), Medicina de Tráfego (3), Homeopatia (10), Alergia e Imunologia (12) e Medicina Legal e Perícia Médica (13).

A concentração em Clínica Médica e Cirurgia Geral/Área Cirúrgica Básica se deve também ao fato de serem pré-requisito para acessar outros programas de RM. As especialidades com maior número de residentes são as mesmas com maior número de médicos especialistas titulados.

Volume de residentes

Em 2018, 38.681 médicos cursavam Residência Médica no Brasil, número que subiu ligeiramente para 38.995 de vagas ocupadas em 2019 e 39.069 em 2020. Já em 2021, 41.853 médicos cursavam RM, ou 3.172 a mais que em 2018, de acordo com  o Ministério da Educação (MEC).  Os ingressantes na RM estavam inscritos em programas mantidos por 789 instituições credenciadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Ainda em 2021, 4.950 programas de RM eram credenciados no Brasil, autorizados a formar médicos em 55 especialidades e 59 áreas de atuação reconhecidas pela Comissão Mista de Especialidades (CME), composta por representantes  da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB).

Evolução de vagas por especialidades

Conforme o relatório, as áreas de Medicina de Emergência, Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Genética Médica, Medicina Preventiva e Social, Homeopatia, Medicina do Trabalho e Nutrologia aumentaram o número de vagas em termos percentuais no período, mas também são especialidades com menor número de médicos em relação ao total de residentes.

Já entre especialidades que concentram maior número de residentes, somente Medicina de Família e Comunidade apresentou um modesto crescimento de 3,1% ao ano. Clínica Médica e Ginecologia e Obstetrícia, que concentram grande número de residentes, apresentaram tendência de estagnação nos anos avaliados, com taxas decrescentes de crescimento (-1,7% e -3,9% ao ano, respectivamente).

As especialidades Medicina de Tráfego, Cirurgia Geral, Radioterapia, Medicina Nuclear e Angiologia apresentaram maior decréscimo. Com exceção da Cirurgia Geral, são especialidades que têm número reduzido de residentes.

Vale lembrar que a Cirurgia Geral apresentou uma taxa negativa (-33,8% ao ano), depois da implantação, em 2019,   do programa pré-requisito em área cirúrgica básica, uma residência médica que estava sendo exigida para quem pensava em se tornar cirurgião em alguma especialidade médica. O programa, porém, ficou vigente por dois anos e foi extinto em 2022.

Financiamento de bolsas

De acordo com o estudo, o Ministério da Saúde é quem mais investe em bolsa de estudos aos médicos residentes. O órgão arca com cerca de 40% das bolsas de RM, seguido pelo Ministério da Educação (21%) e pelos governos estaduais (19%). Saiba a importância do planejamento financeiro durante a residência aqui.

Financiamento de bolsas na residência

Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2023; DDES/SESu/MEC
Recursos destinados ao financiamento de bolsas de Residência Médica, segundo fontes pagadoras, em 2022

Análise

Verificar a evolução da especialização dos profissionais de medicina é uma das maneiras de auxiliar a projetar a quantidade de especialistas que o país pode contar. Além disso, contribui para a sugestão de medidas que podem ser implementadas por gestores de Residência Médica e de políticas públicas que envolvem saúde e educação.

Além disso, os dados ajudam a readequar a distribuição de vagas de médicos residentes e a diminuir as desigualdades regionais entre as especialidades, contribuindo para superar os obstáculos que impedem o pleno preenchimento e a ocupação de vagas para médicos residentes pelo país.

* A Residência Médica é o ensino de pós-graduação destinado à especialização de profissionais médicos. O ingresso se dá mediante processo seletivo e chamamento público. A duração dos programas varia de dois a cinco anos e a especialização em áreas de atuação pode acrescentar um ou mais anos de residência.

Por lei, o médico residente recebe R$ 4.106,09, ao qual podem ser acrescidos benefícios excepcionais. Além da bolsa especial, o médico residente precisa passar por um treinamento de 60 horas semanais. (Fonte: Demografia Médica do Brasil 2023). 

** A base acessada, via Lei de Acesso à Informação, refere-se aos dados de 2018 a 2022. Optou-se por descartar o ano de 2022, devido à incompletude de informações. (Fonte: Demografia Médica do Brasil 2023). 

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