Características do mercado de trabalho e disponibilidade de equipamentos podem ser fatores que evidenciaram essa realidade
Quase metade (49,2%) dos médicos que atuam no estado do Maranhão foi infectada pelo vírus da Covid-19 em 2021, segundo ano da pandemia. O índice é praticamente o dobro da taxa de infecção reportada pelos médicos paulistas (24,1%). É o que revela a Demografia Médica do Brasil 2023.
Dos 1.183 entrevistados, 46,6% atuavam no Maranhão e 53,4% em São Paulo. Os médicos eram em sua maioria homens, sendo 54% residentes de São Paulo e 58% no Maranhão. A média de idade dos entrevistados era de 44,4 anos. Em São Paulo a média era de 45,3, no Maranhão, de 43,3.
A maioria dos médicos infectados apresentou sintomas leves ou inexistentes. O quadro grave de infecção foi relatado por 5% dos entrevistados, principalmente no estado do Maranhão (MA 6,9%; SP 2,5%).
Falta de equipamentos
De acordo com o relatório, a diferença no índice de adoecimento pode ter relação com a organização dos serviços de saúde, características do mercado de trabalho e disponibilidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Diante da pandemia que assolou o país e o mundo, a comercialização de EPIs não acompanhou a velocidade de evolução da doença. O resultado disso foi a falta de equipamentos indispensáveis para o uso das equipes na linha de frente de assistência.
Para ter uma ideia, em abril de 2020, uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM) repercutiu na grande imprensa quando mostrou que 50% dos médicos que atuavam na linha de frente enfrentaram a falta de equipamentos de proteção, tais como máscaras N95 ou PFF2, falta de óculos, aventais, máscaras cirúrgicas e orientações.
Além da escassez de materiais de proteção, os médicos também foram alvos de adoecimentos, como síndrome de Burnout, depressão, entre outros casos, evidenciando o quanto os médicos e profissionais da saúde estão expostos a estímulos negativos e estressantes no ambiente de trabalho.
Brasil foi um dos países mais afetados pela Covid-19
Até o fechamento deste texto, o Brasil tinha registrado 701.215 mortes e 37.407.232 casos de Covid-19, conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
De acordo com o relatório, o impacto foi muito maior nas populações mais vulneráveis. E, desde que a crise se alastrou, só houve um dia (12/02/2023) em que o Brasil não registrou nenhuma morte por Covid-19 nas últimas 24 horas.
Aos poucos, com o avanço da vacinação no país, os estudos apontaram a redução de casos e até de óbitos. Uma pesquisa da Fiocruz aponta que o índice de mortalidade ocasionado pelo vírus é três vezes maior em pessoas não vacinadas do que aquelas que estão vacinadas. Isso corrobora com o fato de que a vacinação é o caminho para reduzir o risco de morte pela doença. Cuide-se!
Para saber mais detalhes sobre a pesquisa, acesse aqui.